quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Devassidão

É tanta coisa que sinto na alma feminina que não cabe em si, transborda, esparrama, faz a mente ricochetear e se perder em meio ao turbilhão de sensações, daquelas que se multiplicam aos borbotões.

domingo, 19 de outubro de 2014

As coisas que amo

Visto meu robe acetinado com florzinhas japonesas e quase me sinto gueixa. O toque sutil beirando o imperceptível roçando a penugem fina alourada de meus pulsos agora cobertos, é a tradução do amor puro, se me perguntassem, transbordando aos pouquinhos. 

Deixei de amar pessoas anos atrás por decepção, agora só objetos. Coisas as quais a possibilidade de controle existe e é real. Tenho espalhadas pela casa algumas plantinhas, mas nada que possua muito sentimento. 

Troquei jantares caros, viagens, o meu beagle castanho que só gerava despesas com veterinario, por objetos estáticos. O conforto do meu ninho. Comprei um sofá vintage e mandei reformar, os exarpes de cashmere, os vestidos de seda, o casaco 100% lã alpaca. Um luxo. Me sento na poltroninha rosada com pezinhos de madeira nobre em forma de patinhas e assisto TV. Na tela, a Roda da Fortuna. Suspiro frustrada. O barulho do ponteiro tic tic passando pelos prêmios. A mansão branca na beira 
de um penhasco, os objetos raros.