sábado, 15 de dezembro de 2012

No Espelho

Vi meu corpo raquítico esfregando as curvas da parceirinha e reparei como estou franzino, pêlo e músculo. Um amante moderno à moda antiga. Beijava o canto posterior de sua orelha, sussurrando palavrinhas de baixo calão.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Querida Cecília

Eu queria que você aprendesse primeiro uma coisa que sinto que lhe falta e muito no seu caráter. Amor? E você leu outro dia que não podemos ligar e desligar o amor como se fosse um botão, mostrou para mim e deu risada, disse que você podia. Não tão fundo aquele olhar doído de quem cansou da brincadeira. Você sempre se cansa tão rápido de brincar que ninguém te entende, nem mesmo eu que. Lembro claramente de todas as vezes quando chegava em casa, os pesinhos frígidos tocando o piso gelado, enquanto aos pulinhos vinha ao meu ouvido contar uma nova história. O coraçãozinho apertado tentando escapar para fora da gaiola costela. O ruído de alegria que soava dentro de todas suas entranhas. Shhhhhhhh Como uma panelinha de pressão o amor dentro de você zumbia. Você até cheirava amor naqueles dias, impregnando de um açucar enjoado a casa inteira. Quantas semanas se passavam então? Até você ficar ruinzinha. Até o cheiro começar a te dar náuseas e eu te encontrar por aí com alguém segurando seus cabelos castanhos alourados enquanto você colocava a vida para fora. E o doce amor agora descia pelo ralo.