quarta-feira, 25 de junho de 2014

Estrangeiro

Não pertencia ou intendia pertencer a aquele lugar. Era passageiro, ou ao menos era isso que repetia para si mesmo quando as burocracias estrangeiras o afligiam. Fosse só a questão da papelada, contratava um advogado, um tradutor, e quem sabe tudo se resolveria. Mas e todo aquele barulho? Toda aquela barulheira. Toda aquela gente. Aquela lingua que se assemelhava a um ruido. Um rato escondido roendo as entranhas das paredes, enquanto a única coisa que ele podia fazer era ouvir calado. E ambas entranhas da casa e de seu corpo fatigadas de tanto roer.

Sonho

Sempre quis ser confeiteira, abrir meu próprio negócio. Nada de grandioso não, só uma portinha com cinco cadeiras dentro e um balcão. O cheiro de pão fresquinho saindo do forno direto pra boca do cliente. A casquinha crocante e quente envolvendo um miolo fofinho fofinho. Hm... E os bolos então. A espátula cortando tenra o macio chocolate com creme derretido de recheio, os suspiros rosados quebrando na superfície, Ah... a alegria de viver!