domingo, 2 de fevereiro de 2014

Bombeiro

Conheci minha esposa após um certo incidente que ocorreu na Igreja Celestial de Todos os Amores, dia 26 de junho do ano passado. Seu cabelo loiro curtinho brilhava com o reflexo das fagulhas cintilantes. Ela permanecia sentada em um canto, iluminada. Perguntei se estava se sentindo bem já que não apresentava sinais físicos de algum ferimento. Ela me encarou por um momento calada. Seus imensos olhos ambar tornaram para o caminhão extinguindo as chamas, em um movimento frenético pôs-se a chorar. Apertei-a contra meu peito tentando acalma-la e pude sentir seu coracão contorcendo. Ela deve ter perdido um ente querido, foi meu primeiro pensamento. Alguém se aproximou de nós um tanto consternado. Eu também me senti envergonhado com a proximidade que eu permiti a vitima. Suas mãos seguravam meu peito enquanto ela soluçava. "Graças a Deus que você encontrou a Ana." Calmamente ela se libertou de meu corpo, escapando. No meu bolso restava uma caixinha de fósforo com seu número. Aninha dos palitos.