sábado, 23 de março de 2013

A fina arte de viver a vida

Nunca alinhado ao tempo e a realidade presente. Ali no apartamento mofado dos velhos móveis, uma sexta-feita qualquer de bares lotados da capital, abafados e quentes como estufa. Toda gente que saía aos borbotões, às gargalhadas e galhofas jogadas ao sabor do gracejo, um verão a mais em que a chuva frustara a expectativa dos cidadãos, um mormaço e um sabor libidinoso que ia escorrendo no cantos dos lábios dos que sorvem mais um copinho de breja.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Cidadão

Ele acordaria as sete e um quarto para as oito, atrasado dois minutos no relógio acinzentado que ganhou do avô. Levantaria da cama e vestiria a camisa, a calça, apertaria o cinto envolta do quadril, dois quilos a mais que ganhou no Natal. Não saberia dar o nó na gravata, pois ninguém nunca o ensinaria. Compraria daquelas de zíper com estampa de zig zag e ajeitaria ao entorno de seu pescoço, olharia no espelho mas não se sentiria impressionado. O terno e os sapatos. Deixaria o pequeno kit para polir o couro em uma caixinha ao lado da porta. Daria um laço e levantaria a alça da maleta, abriria a porta e começaria a rotina.



quarta-feira, 13 de março de 2013

Figura

Ele em alguns aspectos lembra papai. Na rudeza, no sangue frio, uma certa insensibilidade, um rigor matemático de julgar as situações. Lembra algo de uma sutileza máscula, elegante, especialmente quando se preparava para trabalhar, quando viajávamos e ele me pegava no colo... Quão segura e protegida me sentia no colo de papai.

terça-feira, 12 de março de 2013

Quando todos os dias eram uma noite de sexta-feira

Muito mais do que pessoas sinto falta mesmo é das situações. Dos acontecimentos desconcertantes. Das euforias efusivas, ataboalhoamentos, espúrios... Isso me contagiava. E como eu ria! O segredo da vida é o sorriso.